Eu me emocionei quando vi um vídeo. Falava da simplicidade e fragilidade do nosso ofício. Um grande artista - que admiro - parecia elucidar, através de suas reflexões, que o caminho que estou seguindo é o correto. Foi quase um "acalme seu coração que o caminho é por aí." Vi com Adriana. Ela chorou e eu também.
Costumamos tomar uns "cafés filosóficos" quando o corre-corre não nos apressa. Nesses cafés, inevitavelmente, refletimos sobre a vida, sobre nós, sobre o nosso ofício. Hoje, constatei que estamos cansados e muito machucados pelas barbáries que praticam por aí. Nas redes sociais, li vários postes que reivindicavam "tolerância", li muitos pedidos de "mais amor". Alguns, de pessoas que realmente se importam com isso. Outros, de pessoas que reproduzem porque acham "conveniente" ou "bonitinho" - Velhas máscaras.
Não sei onde achamos tantas lágrimas para derramar sobre a mesa... Parte delas talvez tenham sido pela confirmação categórica que o artista nos deu, outra parte pela ambiência que estamos a contornar.
Li um livro que falava da "vontade", que falava da magistralidade e da ancestralidade da emoção - fazia um link com o que o cara falou. Foi um momento de muitas e muitas confirmações. Sinto que, de alguma forma, a vida parece querer nos agraciar com tantas elucidações e confirmações do que pensamos sobre a arte, sobre o nosso ofício. Há alguns dias tenho sido ninado no berço das emoções. E abro um espaço, hoje, para registrar a minha profunda gratidão ao Universo.
Ontem, saímos para dar uma volta e Adriana, singelamente, me agradeceu pelo trabalho que fizemos desde que nos conhecemos. Agradeceu o caminho que tem em mãos - o que me emocionou, claro. Mas sorri e balancei a cabeça dizendo "eu podia querer te mostrar as estrelas e você não querer fazer nada com elas... O mérito é seu... É todo seu. Você quis e correu atrás para adquirir o que estava em você, desde sempre".
Hoje, sem querer, toda a nossa busca cruzou o céu à jato e saiu pela boca de um grande ator que nos disse "é isso mesmo, é exatamente isso que vocês estão buscando". Depois disso, veio o nosso papo e, logo após, ouvimos um poema que nos invadiu a alma e o coração. O espaço para a emoção se estabeleceu no meio da nossa sala. Adriana lavou a alma e eu, o coração. Estou frágil, meio cansado da guerra, mas sempre com muito amor pelo que escolhi fazer da vida.
Hoje, sinto que nenhum artista "me engana" como antigamente. Ao primeiro sinal de loucura, corro quilômetros do infeliz. Corro mais que corria antigamente. A arte pode, obviamente, se utilizar da loucura... Mas é impossível fazer arte com pessoas desrespeitosas e desequilibradas - completamente descompensadas, quase esquizofrênicas. Hoje, eu quero paz, quero "harmonia no vedamento das rolhas." Hoje, eu quero crer na verdade - porque é somente isso que interessa. Hoje, percebi que só tenho que me importar com quem se importa. E pouco importa se alguém não se importa. Eu me importo em me importar com isso e manterei distância quilométrica de quem não tem compromisso.
Hoje, caiu uma pluma dos céus em nossas mãos. Uma confirmação, um alento, um carinho em nossas almas cansadas, feridas e machucadas. Seguimos adiante... Na certeza de que somos aquilo que cultivamos, de que conquistamos o que buscamos e que tudo que não é verdadeiro, "cai da árvore" no primeiro balanço.
Gratidão profunda.
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