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Crítica Teatral - Realpolitik: Mais realista, impossível

Já assisti a espetáculos de TEATRO em vários lugares inusitados, incluindo penitenciária, hospital, manicômio desativado, quadra de esportes, ruas e praças públicas, praia, casa em ruínas... Num espaço livre de um 14º andar, num prédio comercial, um super escritório inativo, onde, antes da pandemia de COVID-19, funcionava um dos braços de uma grande empresa brasileira, nunca, até a noite de ontem, 14 de outubro de 2022, eu havia assistido a uma peça de TEATRO. Apenas mais um local, como tantos, vazio, que transformou o Centro do Rio de Janeiro num vasto “deserto”.

Crítica Teatral - Realpolitik: Mais realista, impossível

Já assisti a espetáculos de TEATRO em vários lugares inusitados, incluindo penitenciária, hospital, manicômio desativado, quadra de esportes, ruas e praças públicas, praia, casa em ruínas... Num espaço livre de um 14º andar, num prédio comercial, um super escritório inativo, onde, antes da pandemia de COVID-19, funcionava um dos braços de uma grande empresa brasileira, nunca, até a noite de ontem, 14 de outubro de 2022, eu havia assistido a uma peça de TEATRO. Apenas mais um local, como tantos, vazio, que transformou o Centro do Rio de Janeiro num vasto “deserto”.

“REALPOLITIK”, com texto de DANIELA PEREIRA DE CARVALHO, direção de MARCELLO GONÇALVES e atuação de PEDRO OSÓRIO e OSCAR CALIXTO, é algo que precisa ser visto, urgentemente, pelo maior número de pessoas possível, por sua proposta, pelo texto, pela mensagem máster do espetáculo, pelo acerto da direção e pela comovente interpretação da dupla de atores.

“REALPOLITIK” é um termo da língua alemã, que se refere à “política do poder”. Daí, já se pode depreender que a peça gira em torno das considerações de “poder prático”, em detrimento das “políticas baseadas nas considerações morais e éticas”. O termo é usado, com bastante frequência, de forma pejorativa, identificado com “políticas coercitivas, imorais ou maquiavélicas”. A título de ilustração – retirado da Wikipédia -, pensadores como Maquiavel e Nietzsche a defendem como “um tipo de realismo político, segundo o qual as relações de poder tendem a solapar todas as pretensões de fundamentação moral, num tipo de ceticismo moral analógico ao do argumento de Trasímaco, na ‘República’, de Platão”, ou seja, “a justiça não é nada mais do que a ‘conveniência’ do mais forte”. “Muitas vezes, é, simplesmente, referido como ‘pragmatismo’”.

Não vá assistir à encenação com o pensamento voltado para o lazer; não pense que vai lá para se divertir. Não! Prepare-se para ser golpeado ao extremo, mas eu lhe garanto que conseguirá sobreviver, porém é impossível que não seja tocado, no mínimo, no sentido de acender um foco bem possante sobre a questão da empatia, da valorização do próximo e de um questionamento sobre “quanto vale uma vida humana”.

SINOPSE:

Um lugar inusitado serve de palco para a mais nova peça alternativa do Rio de Janeiro: “REALPOLITIK”.

No 14º andar do Edifício Herm Stoltz, no Centro da cidade do Rio de Janeiro, um jornalista, em estado terminal de câncer (OSCAR CALIXTO), vai ao encontro de um CEO de uma empresa de mineração (PEDRO OSÓRIO), responsável pela morte de mais de 150 pessoas, devido ao rompimento de uma barragem.

Antigos conhecidos, eles se reencontram, em um escritório, de forma abrupta, relembram um pouco do passado, discutem valores, passam por dificuldades emocionais, enaltecem os conceitos da vida e questionam o que, realmente, tem importância, diante de situações tão difíceis.

Estejam certos, os que aceitarem a minha sugestão, para conferir, “in loco”, o que estou aqui dizendo, de que o espetáculo é um programa totalmente diferente do habitual. Mais realista, impossível, uma vez que a ação se passa na sala de um CEO, num “cenário de verdade”. Trata-se de uma experiência completa, a começar pelo fato de o espectador ser recebido, na portaria de um prédio de escritórios, pós-horário comercial, por um segurança, que o conduz até o 14º andar (Quase mil metros quadrados.), local da encenação da peça, num canto de uma vasta área, desocupada dos tradicionais móveis de escritório, que conta, também, na direção oposta à área de encenação, com um local onde se pode tomar um cafezinho ou outras bebidas, e, ainda por cima, se encantar com uma exposição de belíssimos quadros do artista plástico VICTORIANO RESENDE, que assina a cenografia – intervenção cenográfica - da montagem, um detalhe merecedor dos mais efusivos aplausos.

De acordo com o “release”, que recebi de CLÁUDIA TISATO (Assessoria de Imprensa), “A ideia de montar esse espetáculo surgiu, quando o ator PEDRO OSÓRIO foi ajudar o seu irmão, em uma mudança, no Canadá, e aproveitou para assistir a algumas peças de TEATRO, em um Festival, em Toronto. Uma delas, ‘Athabaska’, se passava em um escritório de um prédio comercial. Por coincidência, a cunhada de PEDRO trabalhava nesse prédio e não acreditou que ele tinha assistido a uma peça lá. O ator teve que provar que era verdade, mostrando-lhe o bilhete da peça.”. É possível que haja quem pense, também, que o que vi, na noite de ontem, foi, na verdade, um sonho, muito distante da realidade, mas, para os incrédulos, o espetáculo está lá, à espera de quem quiser conferir e aplaudi-lo, bastante, como todos os que estavam lá, ontem, o fizeram. Um grande e emocionante espetáculo!!!

A trama da peça a que PEDRO assistiu girava em torno de um CEO de uma petroleira, que recebia um jornalista, o qual o confrontava com as questões ambientais. O ator ficou de tal modo bem impressionado com o que vira, que levou a ideia de fazer algo parecido, por estas bandas, sugerindo, à premiada dramaturga DANIELA PEREIRA DE CARVALHO, que escrevesse uma peça, para ele encenar, com uma temática semelhante. Durante a pandemia de COVID-19, DANIELA, que havia topado a ideia, se debruçou na produção do texto, durante seis meses, com o foco em tragédias brasileiras, como a de Brumadinho, dos meninos que foram queimados, no CT do Flamengo, e do estrago causado por fortes chuvas, em Petrópolis, que, de anos em anos, acontece. Palavras de OSÓRIO: “Nessa montagem, a gente mostra como os diretores e responsáveis pelas empresas lidam com o pós-tragédia e vêm a público tentar contornar e ‘limpar’ a imagem da empresa”.

Durante os 70 minutos de duração do espetáculo, o público é, constantemente, instigado, pressionado e vive momentos de muita tensão, diante das ações do jornalista, que vai à procura de um “acerto de contas”, e das reações do empresário ameaçdo. Mas que isso, seria “dar spoiler” e tirar, daqueles que ainda irão assistir ao espetáculo, o prazer da surpresa. E que surpresa!!!

É excelente o texto de DANIELA PEREIRA DE CARVALHO, quando “busca entender o custo de uma vida, no negócio das grandes corporações. Como conseguir lidar com as reflexões humanas? Um tema atual e qualquer semelhança com a realidade não é mera coincidência.”. E não é mesmo!!!

MARCELLO GONÇALVES faz um excelente trabalho de direção, imprimindo o máximo de realidade à uma ficção, com excelentes marcações e justo aproveitamento de um espaço muito longe de ser o palco de um Teatro. Ele conduz a encenação num ritmo crescente, de muita ação e suspense, que faz com que cada espectador se sinta “colado à cadeira” e, ao mesmo tempo, com uma vontade de invadir o espaço cênico e tomar algum partido naquela contenda, a maioria, certamente, ficando do lado do jornalista.

O trabalho de PEDRO OSÓRIO (HENRIQUE) eu já conhecia, tendo-o aplaudido em espetáculos como “Trainspotting”, “Laranja Mecânica”, “Circo de Rins”, “Werther”, “Família Lyons” e “Peste”. Sempre o tive na conta de um ótimo ator. Infelizmente, não tinha tido, até ontem, a feliz oportunidade de conhecer o trabalho de OSCAR CALIXTO (RAFAEL). Ambos se nivelam, em qualidade de atuação, com muita intensidade e entrega, na construção de seus personagens. O poder, representado, pelo dinheiro, pode, de uma hora para outra, desaparecer, concentrado em um simples objeto. Simples?! Não adianta, que vou resistir à tentação de “spoilear”. Em discursos, diálogos ágeis, fortes e consistentes, acirrados, agressivos e reveladores de verdades cruéis, os dois personagens parecem se alternar, no controle da situação, entretanto o “poder”, naquela situação, se concentra em RAFAEL. O que pode fazer com que um fato destrua uma relação amistosa, construída, entre duas pessoas, no passado? Confiram!!!

Uma vez já tendo feito menção à ótima ambientação, o projeto cenográfico, de VICTORIANO RESENDE, acrescento que os figurinos, criados por ANA ROQUE, vestem, de forma bem satisfatória, os dois personagens.

Ponho em relevo as soluções encontradas por PAULO CESAR MEDEIROS, para chegar a um projeto de luz adequado a um espaço tão insólito, para uma encenação teatral, bem como o magnífico resultado de seu trabalho.

MARCELO H colocou seu “dedinho de Midas”, nesta produção, com uma trilha sonora original, bem de alto nível, como são todos os seus trabalhos.

DANIEL LEUBACK executou um ótimo trabalho de direção de movimento.


FICHA TÉCNICA:

Texto: Daniela Pereira de Carvalho

Direção: Marcello Gonçalves

Assistência de Direção: Anna Paula Borges


Elenco: Pedro Osório e Oscar Calixto


Intervenção Cenográfica e Exposição Permanente: Victoriano Resende

Figurino: Ana Roque

Iluminação: Paulo Cesar Medeiros

Direção de Movimento: Daniel Leuback

Trilha Sonora: Marcelu H

Sonorização: Leandro Lobo

Direção de Produção: Pedro Osório, Oscar Calixto e Marcello Gonçalves

Produtoras: Louise Clós, Malu Falangola e Nathalia Menezes

“Design” Gráfico: Pólen Comunicação e Marketing

Fotos: Jackeline Nigri

Assessoria de Imprensa: Alexandre Aquino e Cláudia Tisato


SERVIÇO:

Temporada: De 09 de setembro a 29 de outubro de 2022.

Local: Edifício Herm Stoltz.

Endereço: Avenida Presidente Vargas (esquina com Avenida Rio Branco), nº 409 – 14º andar – Centro – Rio de Janeiro – RJ.

Dias e Horário: De 5ª feira a sábado, às 19h.

Valor dos Ingressos: De R$15,00 a R$60,00.

Link de vendas através da plataforma Sympla: https://www.sympla.com.br/eventos?s=Realpolitik&tab=eventos

Capacidade: 60 pessoas.

Classificação Etária: 16 anos.

Duração: 70 minutos.

Informações para imprensa:

Alexandre Aquino – imprensa.alexandreaquino@gmail.com

21 – 98842 3199

Cláudia Tisato – assessoriatisato@gmail.com

21 – 99256 7350

Concluo estas simples, porém sinceras, palavras, dizendo que é imperdoável não assistir a esta experiência de TEATRO alternativo. A partir de hoje, só mais quatro apresentações. Prestigiem a garra e a coragem de todos os envolvidos neste lindo projeto!!!

RECOMENDO MUITO O ESPETÁCULO!!!

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