Oscar Calixto
Imprensa
Entrevista Necessária
Em 2023 o Blog/Site continua com seu carro chefe – Críticas Teatraise de Dança – e as documentais/culturais/reflexivas – Entrevistas NECESSÁRIAS” – com as Retrospectivas em andamento, permeadas por inéditas Entrevistas da trajetória de valiosos operários das artes em geral.
Essa é uma Entrevista NECESSÁRIA inédita que me fez conhecer de perto o profissional e o homem Oscar Calixto: Ator e Produtor – um presente do universo.
Artista e o homem de extremo necessário e surpreendente em vários setores da vida – uma alma de homem inefável que se converge com o competente operário das artes.
01 – Francis Fachetti: Coloque aqui, quais as seis premiações que recebeu – nacional e internacional – pelo seu trabalho.
– Oscar Calixto:
01. Festival Internacional de Cinema em Balneário Camboriú (FICBC)
02. Vesuvius International Film Festival
03. Festival de Teatro de Rio Preto (Melhor Ator)
04. Festival Curta Cena de Teatro (Melhor Texto)
05. Festival Internacional de Cine Independiente de Buenos Aires (BAFICI) – (Melhor ator).
06. Festival de Cinema de Cabourg (FR) Melhor Ator de curta metragem
07. Festival de Cinema de Rosarito (MX) Melhor ator de curta metragem.
08. Concurso Internacional de Poesia José Lins do Rego (Fundação Yaohushuaolyem – Título: “Cavaleiro Dragão”) Concorrendo com 25 países e 6.663 poesias.
1.2 – Francis Fachetti: O longa “Pra Onde Levam as Ondas”, de 2019 marcou sua carreira. Desenrede o que puder sobre esse trabalho em suas especificidades, os contornos, e o personagem que o premiou em dois festivais; fale desses festivais e aclare como foram os caminhos desse feito artístico.
– Oscar Calixto:
Os festivais aconteceram durante pandemia, o filme começou a rodar o mundo um pouco depois do auge da pandemia. Então não tivemos uma première convencional. Ainda estávamos todos em casa e o filme estreou da maneira mais atípica possível.
Os festivais de cinema tinham se adaptado ao modo online e nós assistimos ao filme nas plataformas de exibição que eles disponibilizaram. Eu não esperava ser premiado pelo Pablo, mas entendi que ele tinha caído num certo gosto popular quando comecei a receber mensagens e comentários de lugares absolutamente diferentes do mundo pelas redes sociais.
CINEMA DE GUERRILHA:
Eu não conhecia o Dan Albuk (diretor).
Havia feito um teste para um outro filme dele que acabou não acontecendo por falta do investimento necessário. Quase 1 ano depois ele me ligou, disse que tinha gostado bastante do meu teste e que gostaria muito que eu desse vida ao Pablo. Ele falou um pouco sobre o papel e disse que o filme seria em preto e branco.
Quando li o roteiro, vi que o Pablo era um presente na verdade! Vi muitas possibilidades de fazer algo bacana com o personagem.
Iniciamos um processo de cinema independente com orçamento baixíssimo, cinema de guerrilha mesmo, muito empenho e muito amor envolvido.
Trabalhar com o Dan Albuk foi uma das melhores experiências da minha vida. Ele me deu uma liberdade que poucas vezes tive no cinema ou no teatro. O Dan me deu carta branca total com liberdade criativa praticamente ilimitada – geralmente me dou bem quando trabalho com liberdade, quando me deixam criar e propor coisas para o personagem.
Não sou um ator que gosta de encher linguiça com improvisos desnecessários, que inventa texto por inventar. Pelo contrário, sou muito fiel ao trabalho de quem escreve porque sei que houve toda uma busca para encontrar as palavras certas para colocar na boca dos personagens e para criar aqueles seres humanos. Mas, entendo que às vezes pequenos ajustes ou uma contribuiçãozinha aqui ou ali pode humanizar ainda mais o que já está muito bom na cena ou no texto.
Há sempre uma pequena diferença entre o que se escreve e o que se vive em cena aberta. Mas é preciso ter muita noção, cuidado e equilíbrio para não mudar por mudar, improvisar por improvisar e não acabar empobrecendo o canal dramatúrgico onde a cena se coloca e acontece.
Em algum momento dos ensaios eu acho que o Dan pescou que eu tinha esse cuidado e me deu total liberdade para seguir o caminho que eu estava propondo para o Pablo. Entender a cabeça do diretor é fundamental para mim e a dele eu entendi muito rapidamente. Era muito claro o olhar dele para cada cena e para cada personagem.
Na Argentina eu tive outra escola de atuação e a comunicação entre ator-diretor e ator-diretor de fotografia é muito próxima e muito fluida. Lá, o ator adapta seu trabalho aos planos que serão executados.
O trabalho do ator argentino é bastante criterioso. A todo tempo eles sabem em que plano estão e às vezes até que lente está sendo usada. Jogam com isso o tempo todo. Aprendi demais com esse modo de trabalhar. O “Pra onde levam as ondas” funcionou mais ou menos assim. O Dan sempre nos informava que planos seriam feitos naquele momento. Isso, para mim, foi um presente – era muito bom poder trabalhar assim novamente.
No Brasil, acabei desenvolvendo uma técnica para não ficar perguntando direto no set, mas gosto muito quando o diretor se preocupa em dizer ou quando não há problemas da gente perguntar para adequarmos o nosso trabalho aos enquadramentos mais complicados.
Fizemos uma parceria muito bonita nesse filme e ela está ali entre as mais agradáveis que coleciono: Leveza, respeito, carinho, amor, simplicidade, consciência de lugar na obra, harmonia, liberdade criativa, clareza e objetividade – são qualidades que definem muito bem todos os sets desse filme, não só para mim, mas para todos os atores e membros da equipe do Dan. Acho que isso foi fundamental para o resultado final do “Pra onde levam as ondas” e acho que contribuiu muito para os 16 prêmios internacionais que o filme ganhou mundo afora.
02 – Francis Fachetti: Fale sobre sua formação pela Casa de Artes de Laranjeiras (CAL), a importância dessa instituição em sua caminhada como operário das artes.
– Oscar Calixto:
A CAL tem uma importância ímpar na minha vida.
Eu comecei a trabalhar como ator em Minas Gerais e quase não tinha contato com o teatro que se fazia no Rio de Janeiro. Foi na Cal que ampliei meus conhecimentos técnicos e onde comecei a abrir algumas portas dentro do teatro carioca.
02.1 – Francis Fachetti: No campo da dramaturgia e direção; quem é, e como trabalha o profissional Oscar Calixto?
– Oscar Calixto:
Costumo dizer que tudo em mim, na direção e na dramaturgia, vem do ator. Sempre quis entender a dramaturgia de modo mais aprofundado, então fui estudar dramaturgia para dissecar uma das principais ferramentas de trabalho do ator: o texto.
A direção veio da mesma forma, no mesmo caminho, quis estudar direção para ser mais certeiro como ator nas minhas propostas cênicas e acabei me apaixonando por ela também. São lugares completamente diferentes do lugar do ator. E ser um ator que dirige me ajuda em todos os aspectos, principalmente quando trabalho na construção de um novo espetáculo.
Como diretor, converso muito com os atores. Gosto que eles entendam muito bem o que estão fazendo e estou sempre em busca de criar algo interessante e que ainda não tenha sido feito em cena.
O teatro é um espaço de muitas possibilidades. Estou sempre em busca do que os franceses chamam de “insolite lieu“, de um lugar incomum. Isso me interessa bastante.
2.2 – Francis Fachetti: Responsável pela montagem de mais de 15 espetáculos; esmiúce isso contando e exemplificando pelo menos com 03 dessas direções – suas relevâncias nevrálgicas/cruciais?
– Oscar Calixto:
Dirijo de maneira muito próxima ao ator. Não gosto de gerar distanciamentos. Como entendo o que se passa com quem está em cena, jogo junto com eles, dando liberdade para criarem dentro do que trago como proposta de encenação – deixo-os livres para fazerem suas buscas e experimentações.
Analiso muito o que estão me propondo e que espécie de comunicação estão gerando com o que “escrevem em cena” ou que estou criando com a minha narrativa imagética. Mas sou extremamente criterioso em todas as produções que dirijo ou produzo com a questão do “lugar na obra“.
Para mim, cada um deve fazer apenas o seu trabalho, executar somente as suas funções no espetáculo. Impeço qualquer tentativa de que se metam num trabalho para o qual não foram chamados a fazer ou que não seja de sua competência. Aprendi isso fora do Brasil, em companhias muito fortes e consolidadas, onde a presença desse tipo de organização é fator primordial e inegociável.
Acho isso uma atitude empresarial inteligente, madura, saudável e frutífera dentro do teatro. Afinal de contas, todo espetáculo é como uma pequena empresa e em toda empresa existem departamentos; cada departamento tem o seu responsável. Organizada assim, me parece que a própria engrenagem do teatro gira de maneira mais harmônica, muito mais forte e consistente. Então faço sempre questão de que esse critério seja estabelecido e respeitado nas produções em que ocupo algum cargo de gerência.
Panela em que todo mundo mete a mão é um troço complicado. O que gosto mesmo é que cada um cuide da sua própria tigela. Para mim, essa é a maneira mais organizada de se fazer teatro, não importando o tipo de linguagem que esteja sendo desenvolvida.
E é bem simples, na verdade: diretor dirige, ator atua e produtor produz. Esse sistema, apliquei em todas as produções que executei até o momento e tudo que vi acontecer diferente disso, foram coisas que não deram muito certo.
Das direções que fiz adotando esse sistema de trabalho, posso destacar “Anjos, uma espécie de razão não comentada” (2009) – Cia Boca em Cena – um projeto de integração cultural que unia teatro, artes plásticas e literatura. A peça tinha uma proposta dramatúrgica não realista e não linear. Anjos teve uma exposição da artista plástica Eva Hernandez, que conheci em Buenos Aires (Poyecto 30 ventanas). Eva criou dezenas de obras inspiradas no texto e nos 08 personagens desse espetáculo. Esse projeto tem um valor especial para mim porque foi a primeira vez que escrevi pensando em cada ator de uma companhia.
A segunda direção que posso citar é a do espetáculo “Briga de Negro e de Cão” (2004) de Bernad-Marie Koltès, minha primeira direção de um autor estrangeiro. Koltès é um autor genial e foi uma honra dirigir um texto tão eloquente e significativo. Levei toda peça para o teatro físico, encontrando um equilíbrio entre a narrativa imagética e a dramaturgia verborrágica.
A terceira e não menos importante ou especial foi “Aos Pombos ou À Síndrome dos Gatos” (2013-2018). Espetáculo que fiz ao lado de Adriana Bandeira (que assinou como atriz e coreógrafa).
Aos pombos… tinha a levada do Teatro Físico com o Teatro do Absurdo. Em sua última temporada, conseguimos um pequeno aporte e convidamos Leandro Lobo para dar uma repaginada na direção, Gigi Barreto para assinar os novos cenários e Lily Vianna para elaborar e fabricar os novos figurinos do espetáculo. Aqui sim, com um pouquinho de grana, o espetáculo ficou como a gente imaginava. “Aos Pombos…” era um espetáculo político, poético e apartidário e fechou sua última temporada em 2018, às vésperas das eleições presidenciais, no Teatro Frei Caneca, em São Paulo.
03 – Francis Fachetti: Na cinematografia – onde teve experiências com os filmes: “Proyecto150” e “Poliamore”. Detalhe como foi essas produções e fale um pouco da sua criação atoral nesses dois filmes.
– Oscar Calixto:
“Proyecto150” foi um dos filmes que fiz em Buenos Aires. Esse era um curta metragem que tinha uma proposta interessante. Eu estava filmando “Poliamore“ e o “Desvelando las Mujeres“ quase que ao mesmo tempo quando fui convidado pelo diretor Frandu Almeida para fazer uma espécie de ator-narrador do filme. O personagem narrava o filme que estava sendo feito dentro do filme. Era uma metalinguagem cinematográfica com uma pitada de humor e realismo fantástico.
Já no “Poliamore“ eu vivia o Eduardo. Ele enfrentava algumas problemáticas emocionais e acabava vivendo uma relação poliamorosa. Atuar em outro idioma não é tão simples. Há muitos dialetos e gírias locais que vamos conhecendo aos poucos.
“Poliamore“ tinha uma proposta de muitas cenas improvisadas, então, sempre fazíamos um ensaio das situações dramáticas que tinham que ser desenvolvidas no set. O que tínhamos, muitas vezes, era só uma guia de situações (fiz algo parecido em Honduras uma vez).
Esse foi um filme completamente diferente de tudo que fiz em Buenos Aires. O Rodrigo Rueda (diretor) gostava muito de cenas improvisadas para trazer um pouco mais de realidade ao filme. Recordo que gravamos uma sequência de quase 10 minutos na Puente de las Mujeres, em Puerto Madero. Nesse filme tive a sorte de trabalhar com atores incríveis e parceiros extraordinários, como a excelente Natalia Masseroni e o incrível Diego Acosta.
04 – Francis Fachetti: Como ator de teatro, quem é Oscar Calixto?
Essa recente experiência com “RealPolitik” – texto contundente e impactante da respeitável Daniela Pereira de Carvalho e direção pungente de Marcello Gonçalves – que eu tive o imenso prazer de fazer a Crítica Teatral.
Fiz essa introdução sobre “RealPolitik” para você detalhar tudo que puder dessa surpreendente cena teatral – em todos os aspectos. Vamos lá!… Diga!
– Oscar Calixto:
Presente do universo é participar desse seu projeto tão bonito.
Sinto-me honrado.
Eu queria girar o refletor para você nesse momento e aproveitar para falar sobre a importância desse seu trabalho: Um trabalho que registra a memória técnica do teatro brasileiro, especialmente a do teatro carioca. Espero, caso algum empresário esteja lendo essa entrevista agora, que ele consiga perceber seu Blog/Site como uma possibilidade de investimento no arquivo geral da nossa memória.
Aqui, no seu blog, eu pude conhecer um pouco mais do trabalho de alguns colegas que admiro muito como o Eduardo Wotzik e Ester Jablonski, por exemplo, entre outros.
Acho que o trabalho que você desenvolve no “Espetáculo NECESSÁRIO – Prijeto: “Entrevista NECESSÁRIAS” é um bem/serviço de utilidade pública – inserido num Blog/Sire de Críticas Teatrais e de Dança.
Sobre mim, não há muito o que dizer… eu sou um servidor de humanidade. É assim que me defino. Acredito que o ator seja isso: Um grande catalisador e servidor de humanidade. É claro que, para servir humanidade, precisamos estar num exercício diário de sermos seres humanos melhores. E assim sigo… buscando exatamente isso, tanto na vida, quanto na arte. Acho sempre que uma coisa está muito ligada à outra.
Sobre o Realpolitik, considero esse um dos melhores textos da Daniela Pereira de Carvalho.
O Rafael tem um pouco de mim, em algumas instâncias, ou eu tenho um pouco do Rafael (sem a febrilidade dele, evidentemente). Mas encontro algumas semelhanças, principalmente no concerne à natureza de refletir a perecibilidade da vida, eu já passei por isso em um momento da minha e entendo esse lugar na pele.
É um personagem sensível às dores do mundo, sensível às questões humanas. E há uma coisa muito bonita nele: É um personagem que não apenas pensa o mundo e o outro, mas que também consegue “pensar-se” diante do outro e diante do mundo com o mesmo peso que dá a tudo. Nesse caso, o Henrique funciona no pólo oposto.
Acho que essa “ruptura” ou “rachadura” entre os dois é o que deixa o espetáculo extremamente interessante.
São dois homens que se conheceram no passado, mas que hoje estão em lugares diferentes no que diz respeito ao nível de consciência sobre a vida. A “real política” está entre os dois, está ali, cravada num embate voraz sobre a legitimidade de suas ações e a efemeridade da vida.
Trabalhar com Marcello Gonçalves foi um presente gigantesco. Aliás, eu queria registrar aqui que o Marcello está ali na esfera dos profissionais mais incríveis com quem já tive o prazer de trabalhar. É um artista que precisa ser mais notado e mais absorvido pelo mercado.
Marcello é um diretor incrível, sensível, extremamente talentoso, gentil, amoroso e sabe dirigir ator como ninguém. Eu torço muito para que ele seja reconhecido como merece. Poucas vezes vi um diretor tão lúcido e consciente sobre o que queria em cena. Trabalhar com ele foi verdadeiramente um privilégio – sinto-me honrado de tê-lo convidado num dia qualquer para uma leitura “sem compromisso”. Eu já sabia da sua capacidade como diretor e algo me dizia que ele iria topar estar com a gente.
Pedro, Marcello e eu trabalhamos muito para colocar esse projeto de pé. Através do Marcello veio uma equipe extraordinária.
Paulo César Medeiros, que eu já conhecia e admirava desde sempre, por exemplo. Ele trouxe também o Daniel Leuback (Diretor de movimento extraordinário) e a Louise Clós (atriz e produtora com quem eu já havia trabalhado no audiovisual). Também veio por suas mãos a Jackeline Nigri (Fotógrafa), Alexia Garcia, Nath Fiaes, Barbara Marmor (produtoras) e Anna Borges (assistente de direção). Marcello montou um time que estava fazendo falta no projeto.
O Pedro, além do texto da Dani, trouxe a Ana Roque (figurinista) e o Marcello H (Trilha sonora). Eu trouxe a Adriana Marinho (Minha irmã, parceira e designer gráfica), o meu amado irmão Leandro Lobo (diretor e engenheiro de som), que viabilizou e instalou todos os equipamentos necessários para termos um som 5.1 naquele espaço, a fim de que o espectador tivesse uma experiência mais potente e real durante o espetáculo. Também trouxe o Victoriano Rezende, artista plástico incrível que montou sua exposição e assinou a intervenção cenográfica da peça.
Enfim, a verdade é que tivemos a ajuda de artistas muito talentosos, conceituados e capacitados em suas respectivas áreas de atuação para o levante de Realpolitik.
Não foi uma tarefa fácil, haja visto, tudo funcionou num sistema cooperativista, já que não dispúnhamos de nenhum dinheiro para bancar todos os custos necessários.
Todos os profissionais envolvidos nessa produção tiveram a máxima importância para o projeto. Hoje vejo que não haveria como fazer o que fizemos sem ter qualquer um deles ao nosso lado. Todos são artistas geniais e trabalhadores incansáveis do teatro brasileiro. Eu, na verdade, sempre entro em cena com a responsabilidade de fazer juz ao nome dos artistas que estão envolvidos em todo projeto.
O trabalho de todos está em mim e foi com todos eles e por todos eles que entrei em cena todos os dias da temporada para fazer a entrega mais absoluta de mim mesmo e do Rafael, um personagem intenso, humano, verdadeiro, largo, vasto, profundo e que exigia nada menos que uma entrega total.
Não havia meio termo. Ou eu entregava tudo ou não entregaria nada dele em cena. Decidi mergulhar no lago mais profundo desse personagem para buscar todos os detalhes de sua vida, tudo que houvesse de sua verdade. Busquei mergulhar na essência do Rafael do primeiro dia de ensaio ao último dia da temporada.
Eu queria que o público conseguisse enxergar algo muito além dos seus olhos, algo além da sua fala e da sua vida. Queria que o público se envolvesse totalmente com a sua verdade no imenso oceano de embates que ele e o Henrique travavam numa sala comercial, dentro de um edifício de 22 andares. Realpolitik é sobre o real e não haveria outro lugar para uma entrega de qualquer ator nesse papel que não fosse absoluta.
05 – Francis Fachetti: Comente a respeito de 03 trabalhos seus em linguagens e processos distintos.
– A direção em 2021 do espetáculo “Anjos” de sua autoria.
– Oscar Calixto:
“Anjos” de 2021 foi uma adaptação de “Anjos, uma espécie de razão não comentada” de 2009. Estávamos no meio da pandemia e eu estava inquieto. Estávamos há dias isolados em casa e eu resolvi convidar um ator que veio dar uma atualizada no seu trabalho comigo, o Marcus Anoli, para levantarmos um “cineteatro virtual”.
Marcus estava louco para trabalhar e a angústia dele acabou me despertando para essa possibilidade. Então eu peguei 02 personagens da montagem que fiz em 2009 e recriei toda a história. Não coloquei o mesmo título porque, na verdade, criamos outro espetáculo, absolutamente diferente do primeiro.
Convidei a querida atriz Sabrina Fortes e juntos levantamos essa nova versão que era virtual e itinerante.
Exploramos praticamente todos os cômodos das casas dos atores fazendo o espetáculo em transmissão ao vivo, via zoom, para quem estava em casa. Assumi uma linguagem bem audiovisual (a peça era praticamente como montar um filme ao vivo), um “teleteatro moderno”. Tudo era feito ao vivo, inclusive os cortes – que eram feitos por mim, da minha casa, no próprio Zoom.
Marcus Anoli produziu tudo ao meu lado, levava figurinos, gelatinas e objetos na casa da Sabrina. A luz foi montada com pequenos refletores que compramos e com o que os atores dispunham em casa.
No fim, dividimos a bilheteria entre nós e ficamos muito surpresos com a repercussão.
Anjos atingiu brasileiros e brasileiras de quase todos os estados e chegou a ser visto por outros brasileiros e brasileiras em 10 países.
– 5.1 – Na linguagem televisiva, sua participação recente em “Reis”, novela da Rede Record.
– Oscar Calixto:
Foi algo muito pontual, mas agradeço a TV Record pela oportunidade de trabalhar na casa.
– Francis Fachetti – Fale sobre seu trabalho na literatura.
– Oscar Calixto:
“Irmãs e Filhas” é uma novela literária em 05 capítulos, com pitadas de humor e aproximação de uma linguagem rodrigueana. Ela faz parte de uma leva de contos e novelas que intitulei de “Casos de Família” – uma safra de textos que exploram o drama em linguagem naturalista. Humor e drama são explorados em quase todos os textos dessa safra. O ebook pode ser adquirido pelo Kindle ou em formato .pdf na livraria virtual do meu site.
– Para terminar, arrematando com chave de diamante, divulgue seus novos projetos nas distintas áreas de atuação que falamos acima.
– Oscar Calixto:
Estou aguardando o sinal verde para fazer 02 filmes em Portugal – país que tem me acolhido e destinado muito carinho e atenção ao meu trabalho, graças a Série Brasil Imperial (Disponível na Amazon Prime).
Um dos filmes é um épico maravilhoso e o outro tem um enredo mais contemporâneo.
Em um estarei como protagonista e no outro estou escalado para o elenco principal. Confesso que mal vejo a hora de tudo começar.
“Vou fazer um filme em Minas Gerais, intitulado “invisível”, onde darei vida a um médico que retorna a casa dos pais e tem que lidar com algumas transformações que ocorreram na família. A Direção e do Paulo Moraes, que me convidou diretamente para assumir o personagem.”
Em 2023, no teatro, por enquanto devo estrear algo novo como autor. Uma amiga atriz me encomendou um texto inédito para montar e estamos trabalhando em cima dele.
Por enquanto, o que há é um desejo, nada muito certo.
Nessa caminhada, a verdade é que nunca sabemos o que será o amanhã… Nesse sentido, aprendi a simplesmente viver o agora com muito amor e gratidão a tudo. Aprendi a presentificar a minha vida, portanto, o futuro a Deus pertence! E o que tiver que ser, será!