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Blog Dois Pernods

Alma nua

Atualizado: 18 de mai. de 2023



Os versos que te escrevo

hão de resistir

e terão a alma nua;

dessas que vagam

sem destino certo pelas ruas.


Se a insensatez e a ignorância

não os desfizerem,

se não os mantiverem

de portas abertas

ao que vem de novo,

então abrirei as janelas

de todas as vidas

que moram na minha estante.


É a estupidez do mundo

que às vezes me sangra a pele.


Ferido,

o que me escorre pelo corpo

é a poesia de um espírito leve

e sensível

que não compreende

a brutalidade da vida...

Ou de toda vida que esquece

que a real riqueza do caminho

não está no que cresce

enquanto vamos batalhando

pela vitória;


mas no que nasce,

no que fica ou fenece

com tudo que vamos deixando

em nossa história.


Por fim, ai de mim,

que morro aos poucos

espalhando versos pelo chão,

Pelas redes, paredes,

pelo ar e além do oceano...


Ai de mim que derramo

tempo de vida pelos olhos.


Ai de mim, que me reconheci,

me achei e me perdi

no amor e no calor

de outras vidas

e nos inúmeros pensamentos

dos moradores da minha estante.


Ai de mim, que fui moldando

o meu jeito de ser -

de amar e de viver -

para estar diante dos brutos

e de tudo aquilo que se coloca em nossas vidas de modo cruel

e indignante.


Ai de mim

e da dureza desse mundo!

Acaso ele não tenha sido feito

para ser leve,

suave, sensível, sensato

e profundo,

que se construa então

um novo mundo

para essas coisas

que almas insanas se esquecem.


No fim, o sentido do universo onde estou não é para as sementes que a brutalidade planta.


Antes disso, é para a poesia

que almas boas e puras

derramam,

entendem e se reconhecem.

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