
Não te cosi desconfiança de que minha alma é nuvem.
O vento que nela sopra tem o estranho costume de me arrastar pelos pulsos
e me colocar em sonhos.
Estes, desenvolvo nos lençóis do amor e da ternura.
Chego à conclusão de que este mal não tem cura.
Pois de cada sonho que construo, outro sonho se costura.
Vivo da fartura de construir sonhos diários,
Quase sempre parecidos,
E outros tantos meio raros.
Viver assim não é fácil.
Trabalhar em sonhos é um verdadeiro percalço:
Nuns dias derramo chuva pelos olhos,
Noutros tantos me banho sorrindo na chuva.
É então que me desfaço e me refaço entre o abstratismo de todos os sonhos
E a concretude de nuvens que se espalham sob o sol diário.