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Blog Dois Pernods

Foto do escritorOscar Calixto

Escolhas



Chega uma hora que você tem que escolher entre uma coisa e outra, isso ou aquilo. Sou grato a tudo que vivo. E, tudo que vivo, é como um mergulho profundo em alto mar. Mas a Lei de Murphy é foda... Sempre aparece em horas decisivas, em momentos em que tudo poderia se organizar para acontecer de maneira ordenada, coordenada, subsequente e lógica.

Esse ano, tudo meio que veio de uma vez, o que acho ótimo. Gosto desse movimento... Gosto de estar às voltas com trabalhos. Resta-me só mergulhar e tentar organiza-los da melhor forma. Sou daqueles que coloca tudo na agenda eletrônica e se movimenta para dar seus 100% para tudo o que esteja fazendo. Mas aí... Tem horas que as coisas se chocam e você tem que escolher.

A vida isso: É uma eterna escolha e eu tento fazê-las da melhor forma. Duro ter que abrir mão do que se deseja com avidez. Mas a ordem da própria vida lhe impulsiona para que faça melhor o que tem pra fazer e isso, às vezes, significa abrir mão de algo.

Eu acredito na verdade e sigo, dia a dia, colocando-a em primeiro plano na minha vida ou no meu trabalho. Respeito profundamente o que escolho, num ou noutro. Não acredito em nada que não seja inteiro, que não seja sincero, em nada que não venha da alma, em nada que não saia de si com a flâmula dourada de quem vive aquilo na totalidade de sua existência. Sendo assim, na hora da escolha, é com isso tudo que me coloco. 

Um dia, perguntei a um mestre cujo trabalho admirava profundamente: "Como você consegue ser tão vivo em cena? Como você consegue fazer tanta gente esquecer que isso não é ficção? Como você consegue tocar a emoção dessa forma tão delicada?" - Ao que ele respondeu: "É simples... Eu não finjo nada. Vivo cada detalhe." - Desde então, para mim, trata-se disso, tanto na vida quanto na arte... Trata-se de ser, estar e se relacionar. O resto... É mito.

Sou todo para cada escolha e é triste ter que "abrir mão de uma por causa de outra". É triste privilegiar algo em detrimento de sua urgência ou grau de relevância. Tudo para mim é importante e necessário. Vida que segue... Faço o possível dentro do que dá... E a vida trata-se exatamente disso: Vez ou outra você tem que escolher entre uma coisa e outra, entre o dinheiro e a arte, entre o trabalho e que se quer fazer por amor. 

Sou, de fato, questionador e sigo meus instintos, não compro tudo como verdade... Mas essa natureza da própria vida eu jamais ousei contrapor, muito menos questionar. É assim que acontece. É assim que ela anda e nos coloca no seu jogo... Resta a mim respeitar seu curso natural, seu movimento singular e seu diálogo entre as coisas que preciso. Daria tudo para estar só como ator nesse mundo. Mas ator, hoje, significa se movimentar constantemente para que as coisas possam se organizar, para que tudo possa ser realizado. Vez ou outra tenho que descer do palco ou sair da frente da lente para encarar processos burocráticos, afim de que tudo possa dar certo, afim de que tudo possa se realizar e viabilizar essa coisa de ser ator.

Cá estou numa nova viagem entre planilhas, projetos, convites e textos em pleno carnaval... Vez ou outra me afogando na piscina para relaxar um pouco do trabalho, enquanto a maioria pula em blocos ou desfila na avenida... No problem... Gosto mesmo da tranquilidade... E que Deus me proteja nessa jornada e me traga mais do que quero e do que realmente gosto de fazer: Estar como ator.

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