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Blog Dois Pernods

Sobre Acreditar

Atualizado: 11 de mar. de 2020


Desde criança ouvi dizer que "a fé é a certeza das coisas que não se pode ver". Lembro vagamente da primeira vez que ouvi isso. Salvo engano, a questão para que eclodisse essa assertiva como resposta foi minha mesmo. Mais tarde, descobri que essa assertiva era originária do livro de Hebreus, capítulo 11.


Eu sempre fui um cara curioso, queria encontrar todas as respostas. Um menino que não queria saber de dúvidas, que queria encontrar os porquês e me tornei um homem que ainda procura entender a lógica de todas as coisas.


Fui criado meio que dividido entre católicos e protestantes: A família de minha mãe era católica e a do meu pai, toda protestante. Dividido, porém muito mais inclinado ao lado Batista, segui a minha vida. Quando criança, minha avó paterna, Dona Petronila, me levava aos cultos dominicais. Ela tinha o costume de sentar-se sempre no mesmo banco da igreja. Se eu entrar hoje, 28 anos depois, na Primeira Igreja Batista, consigo dizer com precisão onde nos sentávamos.


Eu cresci aprendendo a orar, a falar com Deus, a conversar com Ele e também aprendi a rezar, a ir a missa, a me confessar. Estudei num colégio de freiras e o meu melhor amigo, inclusive, virou padre. Eu fui a primeira pessoa a quem ele contou quando aquilo era só um desejo remoto do seu coração, ainda me recordo desse dia. Eu tenho amigos de todas as religiões, amigos católicos, protestantes, espíritas, padres, umbandistas, budistas e me comunico com todos da mesma forma. O mais engraçado é que todos querem me puxar para a sua religião. "Estou bem aonde estou..." - Sempre digo a eles.


Continuo Cristão, sempre fui Cristão e vou morrer acreditando em Deus e em Jesus Cristo como nosso salvador, tenho certeza disso. Já li a Bíblia de capa à capa. Porém, hoje, já não frequento igrejas, já não vou a templos faz um bom tempo.


Em minha trajetória, num dado momento dessa vida, pós separação dos meus pais, eu me senti perdido da minha própria história, desencontrado na vida. A separação deles foi caótica e, para mim, foi meio que como perder um norte. Daí eu resolvi abrir as portas do meu coração para conhecer outras religiões. Não me encontrei em nenhuma, mas aprendi a respeitar e muito a fé alheia. Percebi que, em todo lugar há defeitos mas que a intenção é sempre a mesma. Há sempre algo ali presente que os corações e as mentes trazem aos templos de alguma forma.


Quando pequeno, eu me lembro que meu avô materno me dizia que eu era um garoto iluminado, um menino protegido por Deus e que Ele estava sempre ao meu lado. N'algum ponto, hoje entendo, tinha nessas coisas que ele dizia muito do amor que ele tinha por mim, o neto "calmo" que gostava de ouvir seus contos e adorava ouvir as músicas que ele colocava. Ainda escuto, algumas vezes.


Apesar de saber que tinha mais do carinho dele que de certezas, eu segui acreditando naquilo, segui acreditando que eu era mesmo um menino protegido por Deus... E, de fato, não sei como, muitas vezes fui "iluminado" por Suas mãos. Hoje, eu sei que nunca fui abandonado por Ele, de verdade. Enfrentei tantas coisas até aqui, situações tão difíceis que eu jamais pensei que eu pudesse resolver ou escapar.


Diante disso, não há outra via senão admitir que sim... Deus sempre esteve mesmo ao meu lado e eu fui mesmo por Ele iluminado diversas vezes. Posso enumerar uma dezena de situações onde me senti protegido, guardado e até mesmo meio que servindo de "instrumento" sem nem me dar conta de que, no fundo, estava sendo "usado". Deus tem sim dessas coisas... Te coloca nuns lugares só para você "resolver" algumas situações.


Minha vida mesmo, até aqui, não foi lá grande coisa. Ainda não concretizei metade do que pretendo. Tive alguns momentos felizes, muitos momentos complicados e alguns pelos quais sou muito grato. Hoje, completamente distante dos templos, eu, que me afastei das religiões e resolvi criar um templo "dentro de mim", tenho que dizer que, ainda assim, me sinto um cara muito protegido por Deus. Sinto que sempre que estou vivendo algo difícil - e luto para resolver - acontece algo especial que muda o curso das coisas. Quando algo parece não ter mais jeito, eis que Dele é que vem a solução. É como se Ele não me deixasse cair tão fundo na vida.


Hoje, por acaso, senti novamente Sua mão sobre mim. Sem nem imaginar que mais uma vez Ele estaria ali, do meu lado, ou na minha frente, tanto faz. Eu fiquei mais uma vez impressionado em ver como Deus faz pra me ajudar a seguir no meu propósito de vida e com todo o amor que tenho dentro desse meu coração. Dormi muito cansado e acordei no meio dessa madrugada numa prece, acordei agradecendo e conversando com Ele apenas para exprimir toda a minha gratidão.


Mais que entre nós, decidi tornar isso público, escrevendo aqui, apenas para dizer que sim... A fé é mesmo a certeza das coisas que a gente não pode ver, que acreditar sempre vale a pena e que não desanimar diante dos nossos desafios é sempre o melhor que podemos fazer.


Nós não somos nada. Essa vida aqui não é nada. Não estamos nesse mundo para outro fim senão para o amor ao próximo e para realizar aquilo que deseja o nosso coração, para o que faz bem a nossa alma. O que melhor podemos fazer aqui é seguir batalhando e acreditando que uma hora tudo vai mudar.


Nesse momento não há nada de grandioso acontecendo em minha vida. Não há nada de extraordinário, nada do que ainda gostaria que acontecesse em meus dias o mais urgente possível. O motivo desse texto aqui é apenas a gratidão pela Mão Divina que outra vez me levanta e me acaricia, que me reergue nessa vida e me põe de volta ao caminho que sigo e persigo na mesma direção. Gratidão por mais uma chance, gratidão por mais esse raio de sol, gratidão por mais esse dia! Por mais uma luz na minha vida, por mais uma vez me estender a Sua mão. 🙏


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