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Blog Dois Pernods

Um pouquinho da vida...

Atualizado: 25 de jun. de 2018


Aos Pombos ou à Síndrome dos Gatos
"Aos Pombos ou à Síndrome dos Gatos" (Teatro Café Pequeno - RJ)

Esses dias eu vivi coisas lindas e sensíveis... Tive parte da minha FAMÍLIA me vendo pela primeira vez no teatro. Por coincidência e astúcia do destino. Também era a primeira vez do meu tio no teatro... Nunca tinha ido.


A minha origem é muito simples, muito humilde e a beleza disso, comigo trago. Eu fiquei emocionado demais com esse presente. Emocionado ao ouvi-lo relatar como tinha sido para ele embarcar numa história que era contada ao vivo por mais de uma hora, ao ouvi-lo dizer como tinha sido sua chegada ao teatro e suas impressões sobre o espetáculo. Eu ouvia tudo, mas a emoção estava que não cabia no meu peito.


Durante o papo, pós apresentação, eu apresentava eles a todo mundo que vinha falar comigo, como uma criança quase... “Olha, Esse é meu tio, essa é minha tia”. No fundo eu estava feliz demais por ter a minha família numa estreia, na platéia, no teatro... E, no outro dia, ele quis voltar pra ver de novo.


Há exatos 20 anos eu trabalho emocionando as pessoas na #ProfissaoArtista . Do lugar de onde venho, só isso, já seria inalcançável. Eu tenho muito amor pelo que faço, muito amor pelo meu ofício. O teatro já me salvou, já me abriu a cabeça, já me emocionou, já me fez rir, chorar (de alegria e de tristeza) e me deu a minha companheira que segue ao meu lado há 8 anos, companheira com quem hoje eu tenho o prazer de dividir a cena.


O teatro me deu muita coisa e me deu a oportunidade de experienciar emoções diferentes. Mais da metade da minha vida foi dedicada a ele até aqui... Num trabalho árduo, contínuo, difícil e dedicado.


Descobri logo cedo que, no teatro, a gente segue se descobrindo, que você nunca está pronto, que na próxima peça, você começa tudo de novo: Redescobre o seu caminhar, a sua fala, o seu gesto, o seu texto e que alma existe agora dentro de você. Um ator é um hotel! Mora muita gente dentro dele. De fato, você nunca está pronto. Tem que descobrir quem é o novo morador que está nascendo dentro de você. O que ele é e o que ele não é.


Também descobri, logo cedo, que, para o teatro, quanto mais você dá, mais ele te retorna, que ele toca e transforma a alma das pessoas e que não é fácil viver desse ofício. Cada dia é um novo desafio, uma nova jornada, uma nova história.


Ver a minha família orgulhosa do que faço não tem preço. Falta meu pai que nunca me viu num palco, apenas na televisão. Mamãe ainda esteve uma única vez, há muitos anos atrás.


Meu sonho é conseguir reunir todos ali. Um dia, quem sabe, talvez eu consiga... Meu lugar no mundo é ali. Não tem jeito, é em cena, é vivendo uma história. E hoje, sinceramente, já não sei aonde isso vai dar, mas se for preciso, eu vou lá!


A única coisa que sei é que, em cena, eu sempre vou estar. Até o cair do pano da minha própria vida, até o dia em que as minhas cortinas se fechem definitivamente para o mundo. Aí... Eu vou descobrir o que tem do outro lado.

Espero que seja algo bom. Espero que seja um espetáculo!


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